segunda-feira, 28 de junho de 2010

Presos na fazenda

Eu e meu avô sempre andávamos de bicicleta pela rodovia da minha cidade, meu avô era meio gordinho e não aguentava andar muito mas nós sempre andávamos no limite dele.
Agente visitava algumas fazendas dali perto, em cidades do interior as fazendas estão muito próximas da cidade, na minha cidade mesmo a entrada de uma delas fica dentro da cidade.
Eram quatorze horas e dez minutos quando saímos da cidade e pegamos a estrada para passear de bicicleta como sempre fazíamos, andamos dessa vez cerca de cinco quilómetros fora da cidade e nos deparamos com uma fazenda que nunca tínhamos visto antes e decidimos entrar para conhecer era estranho conhecíamos todas as fazendas dali da região.
- Que tal agente entrar para ver? – dizia eu.
- Tudo bem, parece uma fazenda bem legal, vamos.
Quando entramos vimos uma belíssima fazenda com belos animais e logo nos deparamos com o dono da fazenda ele era grande e gordo, mas aparentava ser bem amável.
- Olá amigo, vimos sua fazenda e não a reconhecemos parece ser novinha em folha podemos visita-lá? – dizia meu avô.
- Mas é claro que sim, mas não irei acompanhá-los tenho algumas coisas a resolver. – Homem dizia com um sorriso no rosto.
Fomos conhecendo a fazenda, visitamos os currais, as casas dos trabalhadores, mas não encontramos ninguém apenas os animais. Deviam estar em reunião com o patrão já que ele disse que tinha algumas coisas a resolver.
Continuamos a conhecer ali e foi quando eu encontrei com um amigo meu e estranhei, fazia alguns meses que eu não o via na cidade e fui logo cumprimentando ele.
- Eai cara como você tá?
- O que você está fazendo aqui cara? – dizia ele meio tenso e suando frio.
- Eu estava andando de bicicleta com meu avô e vimos essa fazenda como não conhecíamos decidimos entrar.
- Cara pega seu avô e tentem sair daqui antes de encontrar o dono daqui. – ele ficava olhando para os lados para ver se ninguém vinha vindo.
- Foi ele mesmo que nos deu permissão para entrar na fazenda.
- Onde estão suas bicicletas? Alguma delas tem garupa ou o cano reto para vocês me tirarem daqui? – Os olhos dele estavam brilhando e algumas lágrimas já escorriam-lhe o rosto.
- Tem cara a minha, mas por que você quer sair daqui é tão lindo!
- Não importa vamos achar seu avô e vamos sair cara o mais rápido possível.
- Tudo bem.
Passamos pela saída para ver se meu avô estava ali e mostrei as bicicletas para meu amigo, quando chegamos perto reparei que o pneu traseiro estava furado.
- Que droga cara, meu pneu está furado. Devo ter passado em algum lugar quando eu entrei que o furou.
- Não cara, não foi isso. O “Patrão” foi quem mandou furar. Como vocês já o viram ele não quer que vocês saiam. Eu estou preso aqui a meses e não consigo fugir sempre que tento eles me pegam com a Kombi envenenada deles. Me ajuda a fugir cara pelo amor de Deus isso já está me matando, eles fazem com que eu tome sedativos para cavalo toda a noite para eu não fugir enquanto eles dormem. – Ele caia no chão e chorava como uma criança ao dizer essas palavras.
- Calma cara não é assim, nós vamos sair daqui é só eu achar meu avô. É perto da cidade dá para irmos caminhando e chegaremos antes do anoitecer.
- Não dá, eles vão nos pegar mesmo que saiamos de bicicleta eles tem uma Kombi envenenada que merda por que eu pensei que ia conseguir fugir, meu Deus eu vou ser o próximo a ser morto nessa merda. – Os soluços já estavam começando e o choro estava quase sufocando ele.
- Cara o que está acontecendo, eu achei que era tudo brincadeira, mas que historia é essa de morte?
- Eles usam você por três meses em suas experiências químicas com drogas, eles são todos ex-presidiários e aqueles que vem aqui visitar eles, no começo fazem parecer que é tudo ocasional como seu pneu furado, ai os convidam a dormir e depois ficam cativos até que eles te matam com suas drogas ou se não matarem eles atiram em sua cabeça.
- Isso é loucura cara, vamos achar meu avô e levar você para o hospital cara.
Ele ficava olhando para todos os lados para se certificar que ninguém os seguia. Meu avô estava conversando com o “patrão” e quando percebeu minha presença veio me falar, meu amigo quando viu o “patrão” logo se escondeu.
- Vamos dormir aqui hoje, amanha nós iremos de Kombi, o “patrão” nos convidou para o jantar.- dizia meu avô.
- Melhor não vô amanha eu tenho que viajar bem cedo, vou jogar futebol com o time vamos embora.
- Tudo bem, vamos só me deixe dizer adeus para o nosso amigo ali.
- Nem precisa vamos sair daqui rápido, antes que escureça.
As coisas que meu amigo havia me contado começavam a se encaixar era hora de sair dali antes que nos pegassem, antes eu ainda tinha uma pontinha de duvidas agora tinha certeza que as palavras eram reais.
Fomos até onde eu havia deixado as bicicletas e quando chegamos para a minha surpresa não encontrei nada, então um pavor começou a subir a espinha e meu avô disse a mim e ao meu amigo que estava ali.
- As bicicletas sumiram, vamos ter que passar a noite mesmo.
- As bicicletas estão no celeiro, venham comigo vamos pega-las talvez até tenha outra coisa mais rápida que podemos usar para fugir.
- Certo, vamos amigo.
Nos corremos para o celeiro e meu avô tentando acompanhar lá o cheiro era horrível, varias pessoas estavam mortas ali e pareciam já estar ali a muito tempo, via-se os ossos a mostra, os olhos fundos, coágulo de sangue na boca e no meio dos dedos, os cabelos cheios de larvas que saiam do crânio. Era uma cena horripilante ver aqueles humanos ali naquelas condições.
Achamos duas bicicletas boas, pegamos elas e saímos dali, mas não foram mais que alguns metros para eu vomitar ao lembrar daquela cena deplorável.
Consegui me conter um pouco e tentamos sair, ao sairmos notamos que alguém estava nos observando e meu amigo gritou;
- Rápido vamos sair eles estão vindo com a Kombi se não sairmos rápido eles vão nos pegar.
A Kombi já estava saindo da garagem quando estávamos prestes a sair da fazenda, conseguimos atingir a estrada e saímos rapidamente, meu avô havia caído e eu fui tentar levantá-lo estávamos em um ritmo muito rápido para ele, ele reclamava que as marchas daquela bicicleta era muito pesada. Chamei meu amigo e peguei a bicicleta dele e dei a minha que era mais leve e chamei meu amigo para vir comigo naquela.
Meu avô conseguiu sair na frente, mas eu por outro lado fiquei para trás a bicicleta era bem pesada e não andava quase nada a Kombi estava se aproximando. Troquei a marcha tentando pegar uma mais leve para poder pedalar mais rápido, mas não obtive muita sorte, mas consegui acelerar o passo.
Notamos que havia uma viatura da policia vindo em nossa direção na estrada, disse ao meu amigo que deveríamos alertar a policia, mas ele disse que não o importante era fugir agora e avisar a policia depois.
Quando a policia passou por nós buzinou para agente e nos descíamos em alta velocidade com o peso dobrado estava indo mais rápido. A policia parou a Kombi por ela estar indo muito rápido e essa foi nossa sorte e conseguimos chegar até a cidade sem que eles nos pegassem.
No dia seguinte fomos a policia denunciar aquele lugar, o oficial disse que iria tomar providências rápido, pois o que estávamos dizendo era muito grave. Indicamos o local e eles foram verificar. Quando eles voltaram disseram que só acharam os corpos no celeiro, mas a quadrilha eles não conseguiram achar, até o laboratório havia sido removido rapidamente a noite.
Eles ainda estavam soltos, mas a policia do estado inteiro estava avisada sobre eles e sobre a Kombi envenenada deles. Resolvi não contar sobre isso ao meu avô ele já era de idade e era melhor que não soubesse que havíamos passado tal risco. Nada foi noticiado no jornal e voltamos as nossas vidas normais sabendo que eles deviam estar bem longe dali.
Certo dia chegando em casa com meu amigo deparo meu avô conversando com um homem grande e gordo, fomos para cumprimentá-los como a boa educação diz e quando meu disse que aquele que estava ali era o “patrão” e se eu ainda estava lembrado dele.
Eu queria correr mas as pernas não deixaram, já haviam passado alguns meses mas eu não me lembrava mais daquele dia.
Meu amigo também congelou e não conseguiu se mover e foi nesse momento que eu soltei um grito altíssimo, mas alguém me segurou por trás e me sedou para que eu desmaiasse. O mesmo fizeram comigo e com meu avô.
Agora estamos a caminho da fazenda se alguém achar essa carta que estou jogando na estrada peço que nós ajude se não acabaremos como aqueles seres humanos no celeiro. Não acreditem na policia eles fazem parte da quadrilha. A fazenda ainda é a mesma, mas a policia escondeu os fatos e disse que eles haviam fugido mas eu sei que não foi assim.
Chegamos tentarei fugir essa noite para jogar essa carta em algum lugar e espero que encontre e nos ajude.

... LorD DarKneSs

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